Começou em Salvador o primeiro de três dias nos quais as tecnologias abertas são a principal agenda de discussão de esferas de governo, instituições de ensino e sociedade civil organizada. De forma inédita, três eventos do tema, antes realizados em datas e locais distintos, unem-se para difundir ainda mais o uso e o conhecimento sobre o software livre.

Pela primeira vez, o Free Software é realizado na Bahia, após experiência positiva no Rio de Janeiro. Ontem, 28, a programação foi mais específica para este evento. Na mesa de abertura, com representantes do Serpro, governos federal e estadual, Caixa e Banco do Brasil, as apresentações evidenciaram o que talvez ainda não seja amplamente visível na sociedade: as plataformas abertas são uma realidade nos serviços ao cidadão, na inclusão sócio-digital e na economia aos cofres públicos.

Economia

O BB anunciou que após migração de mais de 65 mil estações de trabalho, de 5,5 mil servidores e mais de 40 mil terminais de auto-atendimento, a instituição deverá atingir uma economia de R$ 80 mi até o fim de 2009. A Caixa Econômica Federal, com os 27,5 mil terminais em 9,8 mil lotéricas e ultrapassando 23 milhões de transações por dia em todo o banco, reduz seus gastos em R$ 6mi por mês.

Mais tarde, no painel sobre compartilhamento e desenvolvimento cooperado no setor público, o diretor de TI da Celepar, Cláudio Dutra, acrescentou que a empresa paranaense pôde reorientar cerca de R$ 150 mi em investimentos, antes gastos com licenças e suportes devido aos softwares proprietários.

Política Pública

Gustavo da Gama Torres foi o representante do diretor-presidente do Serpro, Marcos Mazoni, na abertura e destacou que, acima da questão financeira, a discussão deve girar em torno das políticas públicas. Fato corroborado pela fala de Paulo Maia (CEF), que defendeu o software livre como questão estratégica. “É por isso que estamos aqui unindo esferas de governo, academia e sociedade”, complementou Maia.

O coordenador estratégico de tecnologia do Serpro, Gustavo Torres, destacou o papel do governo como liderança na inovação das políticas públicas, com estímulo às redes sociais, promovendo os tecidos produtivos locais. Estratégia que passa pela adoção de softwares livres como o Demoiselle, também apresentado por ele, que têm base no compartilhamento e não na lógica da concorrência e competitividade.

Eventos unidos

A partir de hoje, 29 de maio, o IV Festival de software livre da Bahia e o III Encontro Nordestino de mesmo tema, que em anos anteriores aconteceram em momentos distintos, unem-se ao Free Software. Enquanto este chega ao último dia, os dois primeiros estendem-se até 30 de maio. As grades de programação pode ser acompanhadas em dois sítios na internet: http://www.networkeventos.com.br/evento.php?evento=114&lg=pt e http://wiki.softwarelivre.org/Festival4.

Participantes da Abertura

O secretário de ciência tecnologia e inovação do Estado da Bahia, Ildes Ferreira, que representou o governador Jacques Wagner, o reitor da universidade Estadual da Bahia, que acolhe os três eventos, Lourisvaldo Valentim, Marcelo Barros, representante da Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia, foram alguns dos integrantes da mesa de abertura.

Além deles, o presidente da Cogel, Nailton Lantyer Filho, Alisson Souza e Jefferson Adriano, que representaram, respectivamente, a Secretaria de Planejamento do Estado e a Vice Presidência de TI do BB, e os já citados Gustavo Torres e Paulo Maia, completaram a formação do início do Free Software Bahia.