Um dos diferenciais do Free Software Bahia, que começou nesta quinta e encerra-se hoje, 29 de maio, é ser um evento cuja maturidade do uso do software livre é demonstrada nas experiências de governos, empresas públicas e privadas.

Dentro da programação, compartilhamento e desenvolvimento cooperado no setor público, soluções inovadoras em software livre para o cidadão e novas tecnologias livres para TIC foram os painéis que movimentaram o primeiro dia. O Serpro esteve representado nas três atividades com os coordenadores estratégicos Gustavo Torres, Dílson do Santos e com o assessor Sady Jacques.

Compartilhamento e desenvolvimentoNo único painel da manhã, Serpro, Caixa e Celepar complementaram-se na tarefa de mostrar como o desenvolvimento cooperado tem gerado melhor prestação de serviços à população. Cláudio Dutra, diretor de TI da Celepar, falou sobre as soluções iniciadas na empresa paranaense como o Expresso, Sistema de Ouvidoria e o portal Dia-a-dia Educação. Hoje, estas iniciativas são utilizadas e melhoradas em diferentes estados, como na Bahia, e também no governo federal, através das comunidades formadas em torno delas.

O framework Demoiselle, cuja origem está no Pinhão da Celepar, foi apresentado pelo coordenador estratégico de tecnologia do Serpro, Gustavo Torres. “O objetivo do Serpro é colocar o Demoiselle na e para a comunidade”, destacou o coordenador, que evidenciou as qualidades do gerador de códigos relacionadas à padronização e ao reuso, inclusive de conceitos. Para Torres, está nascendo um novo modelo de governança em TIC para o país.

A Caixa Econômica Federal, em dois dos painéis, além de especificar a aplicação do software livre dentro da instituição: nas casas lotéricas, universidade corporativa, intranet e outros, ressaltou o compartilhamento, visível na participação como signatário do Protocolo de Brasília. O documento é um comprometimento e também recomendação de padronização de arquivos de programas de escritório, com objetivo de troca ágil de informações. O gerente nacional de projetos de TI, Paulo Maia, e gerente de filial de tecnologia, Marconi Santos, foram os representantes da CEF.

Inovação para o cidadãoOutro banco, o do Brasil, mostrou a evolução do software livre e o resultado em serviços ao cidadão. Atualmente, são cerca de cem mil estações de trabalho com BrOffice e navegador Firefox instalados. Até o final de 2009, todos os terminais de auto-atendimento migrarão para Linux, com esperada melhoria de performance e segurança. De acordo com o analista de TI do banco, Ulisse Penna, o BB é ele mesmo um caso de sucesso, incentivador da adoção das plataformas de código aberto.

O coordenador de responsabilidade social e cidadania do Serpro, Dílson dos Santos, agregou a questão da acessibilidade aos portadores de necessidades especiais ao tema do SL para o cidadão. Ele apresentou dados do IBGE que indicam que cerca de 14,5% da população, ou 24,6 milhões de pessoas, no Brasil, apresentam algum tipo de deficiência. Para Dílson, produzir tecnologias livres não é o bastante se não atender a estes que hoje estão excluídos.

O Serpro, de acordo com o coordenador, está concluindo o sintetizador de voz em português, em parceria com a UFRJ e, dentre outras iniciativas, leva telecentros a lugares estratégicos como o Instituto Juliano Moreira no Rio de Janeiro.