Leitor de livros eletrônicos roda sistema baseado em Linux

A Amazon liberou nesta semana mais um "pacote" contendo parte do código-fonte de seu leitor de e-books, o Kindle. O código usado no modelo mais recente, batizado de Kindle DX, tem 137 MB, e consiste de bibliotecas e ferramentas licenciadas sob a GPL usadas no sistema operacional do aparelho, que é baseado em Linux. A empresa já havia lançado anteriormente pacotes semelhantes para seus dois outros modelos, o Kindle original e o Kindle 2.

Entretanto, o código lançado pela Amazon não é suficiente para reproduzir todo o sistema operacional do Kindle, já que não contém as partes mais importantes (como os sistemas de transações online e DRM), desenvolvidas pela própria Amazon sob uma licença proprietária. Assim a empresa cumpre os requisitos da GPL, que exige que código-fonte de software sob a licença seja redistribuído livremente, mas mantém seus "segredos" mais preciosos longe dos olhos de concorrentes.

Uma análise do código, feita pelo site internetnews.com, mostra que o Kindle roda o kernel Linux versão 2.6.22 e que o software foi compilado usando o compilador C GCC 4.1.2. Outro componente livre usado é o Busybox, pacote comum em sistemas embarcados que substitui várias ferramentas comuns em sistemas Linux por versões mais "leves", que mantém os recursos essenciais mas são muito menores.

Em um post em seu blog, John Sullivan, gerente de operações da Free Software Foundation, disse que embora seja bom ver a Amazon cumprir com suas obrigações legais, o ato da empresa não é digno de elogio: "A Amazon se beneficiou das liberdades passadas a ela por outros autores de software livre, e este benefício vem com a obrigação de dar a mesma liberdade a seus usuários - a liberdade de compartilhar".

Segundo Sullivan, a ausência de partes importantes do código, a implantação de sistemas de autenticação que impedem que o usuário rode uma versão modificada do software em seu próprio Kindle e o DRM usado nos livros ainda fazem do Kindle um produto "defeituoso por design", que fere a liberdade de seus usuários.

Fonte: Ig Tecnologia