A proteção da privacidade, a lei cybercrimes que tramita a Câmara de Deputados e a nova lei dos direitos autorais foram temas centrais do debate ocorrido hoje no 10° Fórum Internacional - fisl10 - que reuniu grandes especialistas no tema. Participaram o coordenador-geral do fisl10, Marcelo Branco, o coordenador-geral de Gestão Coletiva e de Mediação em Direitos Anigif_projetoAutorais da Diretoria de Direitos Intelectuais, José Vaz, o sociológo e cyber ativista, Sérgio Amadeu, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Paranaguá, o coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio, Ronaldo Lemos e o advogado e Diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Google Brasil, Ivo Correa.

Na palestra "A regulação da Internet no Brasil: marco civil, a proteção da privacidade, cybercrimes e a nova lei dos direitos autorais", Marcelo Branco, abrindo o debate, disse que "estamos passando por um período histórico de transformações nas relações sociais, onde a revolução não é somente tecnológica, como principalmente social e de comportamento, como foi a Revolução Industrial. Não podemos viver uma nova era com regras que pertencem a um modelo antigo de negócio." José Vaz destacou a importância da criatividade. "O que tentam vender é que os direitos autorais pairam sob todos os direitos fundamentais. A tecnologia não pode frear a criatividade", salientou.

Para Ronaldo Lemos o direito autoral se tornou tão severo que a única forma de se tornar ainda mais severo é suprimindo garantias fundamentais como a inafastabilidade do Poder Judiciário, direito à privacidade e o princípio de presunção de inocência.

O professor da FGV, Pedro Paranaguá, foi ainda mais enfático, ao afirmar que os direitos autorais brasileiros mantém qualquer obra protegida após 70 anos da morte do autor. "Nem o mais criativo dos autores levantaria de seu túmulo para continuar criando," disse.

O diretor do Google no Brasil, Ivo Correa, lembrou que o princípio básico da Internet é a cópia e as discussões que ocorrem no Brasil em relação ao tema não destoam dos debates no mundo todo. "Espero que o Congresso Nacional entenda a importância da criação de um marco civil básico para a Internet, que seja proveitoso para o país."

Sérgio Amadeu defendeu a criação de uma lei, mas de cidadania digital, que assegure o direito á uma comunicação sem vigilância. "A Internet não é terra sem lei. Na Internet o código é a lei. Uma lei sem vigilância é ideal para que a rede funcione dentro dos princípios de neutralidade e imputabilidade de um terreno de liberdade."

O fisl10 vai até sábado, 27 de junho, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre.