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Coordenador do Fórum Internacional do Software Livre participou de chat no clicRBS

O coordenador do Fórum Internacional de Software Livre (fisl10), Marcelo Branco, participou na tarde desta quinta de um chat com internautas do clicRBS. Branco destacou a importância das práticas e da filosofia do software livre, e comentou atrações do evento.

O chat foi monitorado por Paula Sperb e teve participação dos jornalistas André Crespani e Guilherme Neves. O fisl10 ocorre de 24 a 27 de junho na Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), em Porto Alegre.

Confira abaixo a íntegra do chat:
 
Marcelo Branco: Olá. Lembrando: hoje é o último dia de inscrições pelo site.
 
Pergunta do internauta woodi: Marcelo, sou estudante de Análise de Sistemas. Qual a sua expectativa de público para o FISL?
 
Marcelo Branco: Esperamos receber cerca de 8 mil pessoas. Acho que já chegamos neste número. O número de inscritos já passou dos 6 mil e ainda tem muita gente pagando os boletos.
 
André Crespani: E quais as grandes atrações do fisl para esta edição?
 
Marcelo Branco: Peter Sunde, Richard Stallman, Maddog, Pau Milà, Marcelo Tossati... dá uma olhadinha no site. Além dos eventos descentralizados à noite no Ocidente, Odomode, Teatro do CIEE e Teatro Mágico no Opinião

Pergunta do internauta woodi: Poxa... Na verdade é meu primeiro ano que vou participar junto com a faculdade, acredito que será uma experiência nova para mim. O que você indica pro pessoal que vai ir pela 1º vez?
 
Marcelo Branco: Assistir ao Stallman, que foi a minha iniciação no SL, com palestras sobre a filosofia do SL. E escolha uma palestra mais técnica, conforme sua formação ou interesse.
 
Guilherme Neves: Nesta semana o Peter Sunde participou do lançamento do IPREDator, na Suécia, para garantir o anonimato dos usuários de torrent. A palestra dele vai incluir este lançamento, ou vai focar só no Pirate Bay?
 
Marcelo Branco: A palestra técnica vai tratar sobre os dois temas, mas caso persista algum interesse, você poderá perguntar diretamente para ele. Eu acho o anonimato na internet uma questão muito importante e deve ser mantida. Esse é um dos princípios da comunicação na rede.
 
Pergunta do internauta Júnior: Marcelo, estamos no centro de uma grande crise econômica mundial. De que forma a filosofia do software livre pode ajudar o mundo a encontrar saídas para construção de uma nova ordem social?
 
Marcelo Branco: A crise é um velho modelo da era industrial. O SL é um grande êxito do novo modelo de relacionamentos sociais e econômicos da nossa era. Então, a saída para a crise passa, necessariamente, por este novo modelo de relacionamento que o SL inaugurou.

Pergunta do internauta woodi: Obrigado pela dica, infelizmente poderei ir somente na sexta à tarde portanto ficarei de olho na sua dica na programação.
 
André Crespani: Marcelo, e para os usuários avançados, quais palestras seriam mais interessantes?
 
Marcelo Branco: As sessões sobre kernel, clamAV, LTSP, e tantas outras. 76% das palestras do fisl são técnicas.

Pergunta do internauta Otavio: o software livre é algo só técnico ou tem questões sociais e políticas?
 
Marcelo Branco: quando hacker Richard Stallman criou o movimento SL nos anos 80, ele teve como inspiração as dificuldades técnicas em conhecer o código fonte dos programas. Na época, ele percebeu que a única saída para libertar o software seria a criação de um grande movimento político. A partir daí, foi desenvolvida toda a filosofia que gira em torno do SL. Portanto, o SL é um mov. técnico, político e filosófico. Sem uma dessas 3 pernas não teríamos chegado onde estamos hoje.

Guilherme Neves: Existe a possibilidade de as inscrições serem adiadas?
 
Marcelo Branco: Fecha hoje pelo site e faremos um balanço no final de semana para verificar se será possível abrir inscrições durante o evento. Portanto, não é seguro deixar para se inscrever depois.

Pergunta do internauta woodi: O público do fórum na maioria é jovem na faixa etária dos 15 aos 28, por exemplo?
 
Marcelo Branco: Com certeza. Tem sido essa a média nos últimos anos, a maioria é menor de 30 anos.

Andre Crespani: Marcelo, existe a possibilidade de, na próxima edição, o fisl sair de Porto Alegre. Como está a situação agora, qual a tendência para o fisl11?

Marcelo Branco: Nós da ASL e a pref. de POA estamos viabilizando uma proposta concreta para mantermos o fisl na cidade. Durante o fisl o prefeito Fogaça e nós da ASL vamos apresentar alguns pontos que podem viabilizar o fisl em POA.

Marcelo Branco: mais sobre as palestras técnicas: teremos pela primeira vez uma trilha de VoIP. A palestra do Jeff Arnold sobre atualização do sistema sem reboot (projeto KSplice) também é algo muito interessante e inovador.
 
Guilherme Neves: Marcelo, aposto que teve gente que ainda não se decidiu se vai ou não. O que você diria pra esse pessoal?
 
Marcelo Branco: O fisl é uma grande experiência inesquecível, não só pelos conteúdos, mas principalmente pelas pessoas que estarão presentes no evento. É um espaço para rever amigos, confraternizar e compartilhar culturas e experiências. Não há nada igual com esse mesmo espírito que acontece no RS. Então, venham!
 
Guilherme Neves: Tem alguma novidade de hoje sobre a programação... Algum convidado novo, ou algo assim, que seja recente, para dividir com a gente aqui no chat?
 
Marcelo Branco: a deputada catalã, braço esquerdo do presidente Zapatero da Espanha, Lourdes Munhoz, que virá ao fisl falar sobre a situação do SL na Espanha.

Pergunta do internauta mariel: eu queria entender, talvez o Marcelo possa me explicar... afinal, software livre é sinônimo de software grátis?
 
Marcelo Branco: não, não é sinônimo. Mesmo que para adquirir um SL não tenha custo, o SL tem como base as 4 liberdades: cópia, modificação, distribuição da cópia modificada e uso sem restrições. Portanto, o free do SL é de liberdade, não de grátis.
 
Pergunta do internauta Júnior: Marcelo, e as questões dos direitos autorais e propriedade intelectual? Baixar músicas ou filmes é crime? Como controlar para não lesar os artistas? Esse grande número de downloads pode gerar desemprego no setor da cultura?
 
Marcelo Branco: 1. Mesmo que a atual legislação possa interpretar algumas dessas práticas como um delito, eu não considero uma atitude criminosa. Estas leis foram feitas para cópias físicas e não para cópias imateriais. Eu baixo músicas pela internet e não me considero um criminoso.

André Crespani: Tu dizes mesmo no caso de músicas com copyright?

Marcelo Branco: Sim, eu baixo música de todos os tipos: livres e com copyrights restritivos. Isso porque a fonte que me fornece esses conteúdos é uma fonte privada/pessoal sem fins lucrativos.

Pergunta do internauta Winema: Software Livre é obra do Stallman? Tudo é por causa dele?
 
Marcelo Branco: Não. Ele começou tudo, mas o finlandês Linus Torvalds também teve um papel muito importante ao terminal o núcleo do sistema operacional, chamado Linux. Depois disso, o SL passou a ser a maior obra coletiva da humanidade.
 
Pergunta do internauta Guaraldo: Aproveitando o tema do Júnior: Comente sobre a Lei Azeredo, por favor...
 
Pergunta do internauta mariel: E essa questão do controle da internet, a tal da "lei do azeredo", porque muita gente é contra essa lei?
 
Marcelo Branco: Para mim é um atraso para o Brasil. Tenta colocar um freio na dinâmica de inovação e criatividade na internet, criminalizando práticas comuns na rede. Além disso, cria um sistema de vigilância e quebra de privacidade, inaceitáveis em uma sociedade democrática.

Pergunta do internauta Guaraldo: Portanto não é exagero chamar de AI5digital? Seria um golpe nos internautas?
 
Marcelo Branco: Não acho um exagero. Exagero e uma inverdade é falar que a lei veio para combater a pedofilia e os crimes digitais. A lei da pedofilia na internet é outra e já foi aprovada. Os verdadeiros criminosos utilizarão técnicas de embaralhamento de IP (endereços) para se protegerem. Esta lei veio para pegar os usuários domésticos não-criminosos.
 
Pergunta do internauta Carlos: e o governo federal? é janeleiro ou os caras estão trabalhando mesmo a favor? o mercado nacional se beneficia disso ou é aventurismo do governo?
 
Marcelo Branco: o gov. brasileiro é um dos que mais aposta no SL em todo o mundo e temos muitos casos de êxito e alguns casos que não tiveram tanto sucesso. Mas há muita coisa para fazer na esfera pública federal.

Pergunta do internauta Thiago Boeira: Especificamente, o que é a Lei Azeredo, que nem eles me responderam e e-mail encaminhado ao gab. do mesmo.

Marcelo Branco: saiba mais sobre a lei azeredo neste link

Pergunta do internauta mariel: E o FISL vai tratar da lei azeredo?
 
Marcelo Branco: Sim, teremos uma mesa com os assessores do sen. azeredo e o relator do projeto, Julio Semeguini. Além disso, várias mesas estarão tratando sobre a liberdade na internet, que de certa forma abordarão os perigos da lei azeredo.

Pergunta do internauta Pinguim: o Peter Sunde sabe que esta lei estar tramitando no Brasil?
 
Pergunta do internauta Guaraldo: Fale um pouco da participação do Piter Sunde do The Pirate Bay... Ele tá confirmado mesmo?

Marcelo Branco: Sim, está confirmado. Vai participar de algumas sessões no fisl. Dá uma olhada na grade. Além disso, vai estar no Ocidente, dia 25, a partir das 20h, para um debate sobre liberdade do conhecimento, novas formas de distribuição, etc.

Pergunta do internauta Thiago Boeira: A experiência no RS com SL, não teve retrocesso nos últimos 8 anos? Por que mais especificamente?
 
Pergunta do internauta Pinguim: O movimento de adesão do Software Livre é um movimento de esquerda?
 
Thiago Boeira fala para Pinguim: Eu acho que esse movimento é maior que esse papo de esquerda e direita!
 
Marcelo Branco: Não é de esquerda, nem de direita. É uma nova forma de fazer as coisas, é um novo espaço social, que permite que as diferentes visões políticas usufruam desta tecnologia para os seus programas. A programação do fisl vocês podem acessar aqui.