Img_9373Audiência Pública na Câmara de Vereadores de Salvador ampliou a discussão sobre as tecnologias livres para qualificação da educação, inclusão social e administração pública no município.

A disseminação e implantação do software livre na Bahia tem muitos inícios. Desde as diversas experiências do Governo Federal à iniciativa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, com os centros de inclusão digital, o tema tem se tornado cada vez mais constante. A Audiência Pública realizada na manhã deste dia 15 de setembro na Câmara dos Vereadores de Salvador é o novo marco do avanço das plataformas abertas, agora com maior foco no município.

O Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro é um dos grandes incentivadores do software livre na Bahia. Fato corroborado pela participação do seu diretor-presidente, Marcos Mazoni, em diversas atividades no Estado. Além da criação do Comitê Estadual de Software Livre, o gestor já participou de audiência pública na Assembleia Legislativa em 2008 e, agora, presente também no encontro municipal.

Na Audiência deste dia 15, Mazoni ressaltou, como faz em suas participações por todo o Brasil, que a questão do software livre não é só tecnológica, mas também social e política. "Todos os problemas da informática podem ser resolvidos pelas tecnologias livres", afirmou o presidente do Serpro. Ele, no entanto, destaca que a pergunta é: "para quem estamos acumulando conhecimento tecnológico?". De acordo com o gestor, só o software livre possibilita que toda a sociedade evolua em conjunto e não apenas uma ou poucas corporações. Para isso, são fundamentais as lideranças políticas para que pensem um país de todas e todos.

Projeto Nacional de Banda Larga
Marcos Mazoni também anunciou a apresentação, na tarde do mesmo dia, do projeto nacional de banda larga ao Presidente Lula pelo assessor especial da Presidência da República, Cezar Alvarez. A proposta mescla acesso gratuito e exploração comercial para expandir a internet por todo o território brasileiro.

Software livre e educação
O coordenador de responsabilidade social do Serpro, Dílson dos Santos, defendeu a criação de centros de formação tecnológica, com uso de software livre, que atendam à parcela da juventude vinculada à programas de medidas socioeducativas. Para isso, ele entende ser necessária a articulação de agentes do executivo, legislativo, instituições de ensino e empresas públicas de TI. "Precisamos estabelecer um espaço de amparo tecnológico e de educação para esses jovens", reforçou. Dentre as atividades, estaria a capacitação em programação Java, mercado em expansão em todo o mundo.

Carlos Stucki, representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), enumerou dados positivos de algumas ações como os Centros Digitais de Cidadania (CDC), que chegaram a mil em todo o Estado e, justamente, a recém formada turma de 80 desenvolvedores da linguagem Java. Stucki declarou ser crucial a integração dos vários esforços de Inclusão Digital, como os pontos de cultura, os próprios CDCs e demais iniciativas.

Para o professor da Faculdade de Educação da UFBA, Nelson Pretto, a escola deve ser repensada, com o fortalecimento da autonomia. Para ele, uma grande questão é "o que é inclusão?". "Não adianta introduzir computadores nas escolas se tudo é proibido", respondeu Pretto. De acordo com o educador, precisa-se definir um plano de preparação da juventude e não limitar a uma acomodação ao mercado de trabalho.

Plano Diretor de Informática
O gestor de projetos da Cooperativa de Tecnologias Livres (Colivre), Vicente Aguiar, que explicou de maneira bastante simples o que é um software livre para os presentes, acrescentou que os padrões abertos representam um modelo de negócio diferente do praticado pelas grandes corporações. "Um modelo mais democrático, que permite a qualquer um prestar serviços a governos, por exemplo", ressaltou.

Antes do encerramento, Aguiar propôs à vereadora Marta Rodrigues (PT) que a casa legislativa discuta e implante um plano diretor de informática para a cidade. Um conjunto de políticas que defina não só as tecnologias da administração municipal, mas também as formas de apropriação das TICs pelos cidadãos. A parlamentar foi a  proponente e condutora da audiência, que contou ainda com as presenças do diretor-presidente da Cia. de Processamento de Dados da Bahia (Prodeb), Elias Sampaio, e do diretor de relacionamento da Cia. de Governança Eletrônica do Salvador (Cogel), Maurílio Ramos.

Fonte: Sepro