O presidente da Linux International, Jon "Maddog" Hall viu no Brasil o local ideal para implantar um projeto que pretende revolucionar o uso de computadores no mundo. Hall apresentou na 6ª Conferência Latino-Americana de Software Livre - Latinoware 2009, o Projeto Cauã, que, segundo ele, pode criar de dois a três milhões de empregos no país.

Em um resumo simplificado, Maddog destaca ser possível, por exemplo, reduzir o consumo de energia dos computadores, que é de em média 200 a 300 watts por hora, para dez. Além disso, ele propõe melhorar a relação entre homem e computador, por meio da usabilidade facilitada. O presidente da Linux pretende implantar o projeto-piloto no país em abril ou maio do ano que vem. “E depois de três meses de piloto, se obtivermos sucesso, então começaremos a abri-lo, para que as pessoas sejam capazes de obter a informação e gerar seus próprios serviços”, destacou.

Hall acredita ser possível, ainda, “dobrar o número de programadores de software livre no mundo, melhorar a educação de forma geral, permitir que o mundo todo economize cerca de R$ 10 bilhões por dia e, acima de tudo, conseguir tudo isso sem nenhum dinheiro dos contribuintes”. Para ele, “Tudo é possível. Só depende do quão arduamente nós tentamos”.

O que o leva a crer no projeto é que “nenhuma nova tecnologia precisa ser inventada para isso. É uma combinação de hardware e software existentes. É só unir tudo isso e torná-lo disponível livremente. Então, ninguém tem que pedir a permissão de ninguém para fazer isso. Tudo é baseado em números, e estatísticas, e eu ficaria feliz em analisar esses números com qualquer pessoa”.

O projeto

O Projeto Cauã baseia-se em três pilares: hardware, rede e empreendedorismo. John Hall garante ter o projeto de um computador de baixíssimo custo (ThinClient), que não possui disco interno e nem as ventoinhas para resfriá-lo — por isso o consumo de energia é muito baixo. O equipamento possui sistema operacional Linux apenas para conectar a um servidor, que realizará todo o processamento.

Diante da informação de que 80% da população brasileira habita as capitais, Maddog, pretende conectar todos os computadores de forma a criar uma grande bolha de rede sem fio. Cada ThinClient também será um roteador, e compartilhará parte da sua banda de rede para os demais usuários.

Já o empreendedor será responsável por adquirir empréstimo bancário, comprar todos os equipamentos necessários, instalar e configurar o servidor, vender o serviço no seu prédio e na sua vizinhança, instalar os ThinClients, treinar os clientes usuários, agregar novos serviços profissionais, como construção de websites, prestar serviços de pós-vendas e manter a rede operacional.

Soma-se a isto o software livre, que pode ser modernizado e melhorado por diversas comunidades de qualquer parte do planeta, e o produto será de fácil atualização, para ser disseminado em grande escala.

Desafio

Para Maddog, o Brasil é caracterizado pelo empreendedorismo de seu povo, mas o principal desafio é o fato de que no país demanda-se um enorme esforço para se abrir um negócio. “No Canadá, você pode começar um negócio em um dia. No Brasil, leva uma média de 18 meses. E é muito tempo”, comparou. Para ele, “seria necessária uma ação governamental que fosse um caminho mais rápido para abrir negócios do projeto Cauã.

Adicionalmente, o governo necessitaria licenciar essas pessoas”, explicou. Desta forma, “o governo tem que entender o que o projeto é, para ser capaz de licenciar as pessoas para fazer isso. E estamos levando isso extremamente a sério, e o governo precisa olhar para isso e abraçar o projeto”.

Fonte: Latinoware