Atualmente o único serviço wireless 4G no mercado americano, o 4G WiMAX da Clearwire, oferece velocidades médias de download de 3 Mbps a 6 Mbps, comparáveis a muitos serviços de banda larga fixa DSL ou cable modem.

Como resultado, os consumidores nos 27 mercados onde o serviço é ofertado contam com uma opção em banda larga. E muitos têm preferido fazer a troca. Segundo o chefe da área comercial da Clearwire, Mike Sievert, metade dos assinantes da empresa utiliza o 4G como substituto dos serviços DSL e cable modem.

É uma primeira indicação de que as redes 4G já podem efetivamente competir no mercado de banda larga. Com as velocidades se aproximando daquelas oferecidas pelos serviços tradicionais, o serviço vai se tornando interessante para quem não quer em assinar os pacotes conjuntos com telefone, TV e internet, o triple-play.

De fato, outros serviços 4G vão oferecer velocidades similares às já obtidas pela Clearwire. A Verizon Wireless está construindo sua própria rede 4G utilizando a tecnologia LTE e espera-se que o serviço esteja disponível entre 25 a 30 mercados nos Estados Unidos até o fim do ano. Segundo a Verizon, os testes mostram velocidades médias entre 6 Mbps e 12 Mbps.

Ainda assim, tanto a Verizon quanto a AT@T, que vai testar o 4G LTE ainda este ano, têm sido cautelosas sobre a banda larga 4G como substituta dos serviços tradicionais de banda larga. Até porque são empresas que também vendem acessos DSL por redes de fibras óticas nas quais investiram bilhões de dólares.

Tampouco têm falado de como será a política de preços para os serviços 4G sem fio. Há alguns indícios de que as empresas planejam adotar cobranças baseadas no consumo, o que deve desencorajar a substituição do DSL pelo 4G.

Mas pelo que se viu no Plano Nacional de Banda Larga delineado pela FCC, o órgão regulador de comunicações americano acredita que o 4G será, sim, um competidor no acesso rápido.

Atualmente, 95% dos americanos têm acesso a pelo menos um provedor de banda larga, segundo relatório da FCC. Cerca de 13% contam com apenas um provedor, enquanto 78% têm acesso a dois, por cabo e DSL. Apenas 4% têm acesso a três ou mais provedores.

Para a FCC, não se trata de oferecer banda larga apenas para quem ainda não têm acesso, mas garantir maior competição naqueles mercados que contam com apenas um provedor.

O problema é que construir a infraestrutura de banda larga custa caro. E as tentativas anteriores de forçar competição no mercado de telecomunicações via regulação não foram bem sucedidas. A FCC parece ter entendido que levar uma terceira rede de fios para a casa dos consumidores é pouco provável. Daí ter voltado sua atenção para as redes sem fio 4G.

“A redução dos custos de entrada e competição em redes banda larga sem fio, facilitando acesso a espectro e backhauls de alta capacidade podem incentivar a competição”, diz o Plano Nacional de Banda Larga dos EUA.

Esse tipo de conexão tem outros atrativos. Assim como os celulares permitem conversar ao telefone de qualquer lugar, não vai demorar para que as pessoas também passem a apreciar ter acesso à banda larga de qualquer ponto. A partir da expansão das redes wireless, é de se esperar que muitos resolvam manter apenas o acesso móvel, como se viu na telefonia.

Naturalmente, manter apenas o serviço de banda larga wireless não será atraente a todos os consumidores, especialmente àqueles que consomem muito. Como há limitações em qualquer rede sem fio, é de se imaginar que esse serviço não consiga acompanhar todos os serviços em altíssima velocidade possível via fibras óticas.

Mas os consumidores médios que estiverem interessados em reduzir suas contas mensais com telecomunicações podem ver na banda larga sem fio uma alternativa aos pacotes triple play que prometem acesso barato à internet em troca dos serviços conjuntos com TV e telefonia.

Já a capacidade das redes 4G wireless em reduzirem preços dos competidores deve depender do sucesso da FCC em disponibilizar a faixa de 500 MHz, como previsto no plano. Isso pode levar a uma mexida no mercado de empresas wireless, levando à existência de quatro, cinco ou até mesmo seis competidores de banda larga em qualquer mercado.

Por enquanto, o mercado ainda está longe de grandes mudanças nos preços. Os valores cobrados pela Clearwire são competitivos, mas a empresa não chega a afetar profundamente os mercados de banda larga tradicional.

O acesso ilimitado residencial, que oferece 6 Mbps em dowloados e 1Mbps em uploads tem preços comparáveis ao serviço DSL da AT&T, de US$ 40. A Verizon, que oferece DSL de 7 Mbps cobra US$ 55. Já os operadores de cabo em geral oferecem conxões mais rápidas por preços semelhantes aos da Clearwire.

Claramente a empresa não está mirando na competição por preço. “Pode haver algumas pessoas que assinam nosso serviço para economizar”, diz Mike Sievert, da Clearwire. “Mas não creio que seja a principal motivação. Acho que as pessoas gostam da conveniência da mobilidade”, completa.

Um dos motivos para a Clearwire não se lançar numa guerra de preços pode estar no fato de que dois dos maiores provedores de banda larga dos Estados Unidos serem investidores na empresa. Time Warner Cable e Comcast contribuíram com bilhões de dólares na construção da infraestrutura da Clearwire. Como parte do negócio, ambas estão revendendo serviços 4G como um adicional a clientes da banda larga tradicional.

Fonte Convergência Digital