GREEN está na moda, como esteve na década de 80 e 90, mas parece que o debate está ficando mais profundo e ser verde é muito mais do que defender a Amazônia. Em outubro passado Vicente Aguiar, da Colivre, foi entrevistado pela revista Muito na matéria "Consumo Verde" e falou sobre como o Software Livre ajuda a sustentabilidade.

O assunto é tão relevante que o vencedor do concurso de vídeo da Linux Foundation trata somente deste assunto:

Na verdade alguns de nós que hoje formamos a Colivre já falávamos isso quando estávamos na Federal da Bahia, enquanto divulgávamos os benefícios do GNU/Linux e do LTSP (instalado pelo GAVRI-IM). Era 2002, mas outros no Brasil já tinham se atentado a isso bem antes de nós.

De lá para cá isso só se tornou mais evidente. O lançamento do Vista explicitamente obrigava renovação de hardware (mas é o que sempre acontece, implicitamente, com lançamentos de Windows) e o Mac perdeu a durabilidade que tinha, hoje não é só a moda que obriga a troca da máquina, eles quebram mais facilmente mesmo. Fora isso o Greenpeace precisou fazer uma campanha para a Apple tornar seus computadores menos nocivos ao meio ambiente.

Entretanto... (sempre tem o lado ruim) a maioria parece nem perceber o absurdo da renovação de máquinas. Quando Alexandre Oliva foi entrevistado pela Folha para falar de seu rompimento com a Google, vários comentários atacavam o fato dele aparecer na foto com um computador antigo, com comentários como "se entendesse de informática usaria um modelo mais novo", "ainda usa monitor CRT!", e outros que felizmente não lembro.

Pessoas que costumam desejar computadores ou aparelhos mais novos precisam ver o ótimo documentário de Annie Leonard, A História das Coisas:

Melhorias no software não significam aumento no uso de recursos computacionais. Não mesmo! Redução no uso de memória para possibilitar o uso de mais processos simultâneos ou a implementação de algorítimos mais eficientes para melhorar o tempo de resposta (o que diminui o uso do processador) são comuns no desenvolvimento de software, principalmente no desenvolvimento de Software Livre.

Não é o software que deve decidir quando faremos o upgrade de nossas máquinas, é a exigência do nosso trabalho.

Já notou que na maioria das caixas de hardware vem escrito "compatível com Windows", em geral também "compatível com Mac", mas quase nunca "compatível com [GNU/]Linux"? Mesmo sabendo que o kernel Linux tem a maior lista de hardwares com suporte nativo, englobando quase todo hardware existente hoje, o GNU/Linux quase não é referenciado pelos produtores de hardware (nem mesmo de teclados!). Por quê? Porque isso é um risco as vendas.

A nova versão do Windows sempre é estimulo a compra de um novo computador. O que não acontece com o novo Ubuntu, Debian, Fedora ou que distro for. Eles sempre tem uma desculpa na manga: declarar que suporta um SO significa atender usuários deste SO. Ora... Se isso fosse mesmo um problema a HP não teria atendido minha mãe, usuária de Ubuntu. Esse argumento não se encaixa aos produtores de teclado, mouse, pendrives, porque de cada 10000 de compradores de teclado 1 deve ter ligado para o SAC da fábrica e certamente não por culpa do SO, mas pelas malditas teclas de concreto.

GREEN é Cool! Não use essa idéia só na estampa de sua camisa, leve para cada detalhe da sua vida:

  • Reduzir - se realmente precisa de mais estações de trabalho: LTSP
  • Reutilizar - se a máquina está ultrapassada: XFCE
  • Reciclar - se não funciona mais: Meta-reciclagem
  • Repensar - será que você faz bom uso dos seus recursos computacionais?
  • Recusar - você precisa mesmo daquela máquina bonita?