Orçamentos apertados de TI levam empresas a adotar essas soluções, mas poucas reconhecem os riscos escondidos na escolha do open source. Quando o CIO da OTDA (Office of Temporary and Disability Assistance) – agência de Nova York (EUA) que coordena programas para assistência a pessoas desempregadas ou incapacitadas –, Daniel Chan, optou por usar o software de código aberto, ou open source, não levou em conta a economia que isso poderia acarretar.

Chan estava interessado em ajudar a equipe de TI a implementar projetos de forma mais rápida. Ele lembra que, em média, o processo de compra de um software tradicional demorava de 12 a 18 meses, “o que criava uma barreira à criatividade”, ressalta.

A partir dos testes com o software de código aberto, em questão de meses, o time de Chan tinha as ferramentas necessárias para construir um novo sistema de auto-atendimento aos usuários. Apesar da agência contratar o suporte de um fornecedor terceirizado, não precisou negociar as questões relativas a licenças com os departamentos de compras e o jurídico, o que reduziu consideravelmente o tempo de implementação.

As vantagens não terminaram aí. Graças à facilidade de escalar o sistema, a equipe de Chan conseguiu responder ao incremento das demandas geradas durante a crise e, em paralelo, ajudou a expandir o projeto para três agências de outros estados, em apenas um mês. “Só foi possível em tão pouco tempo graças ao fato de não ter licenças envolvidas”, detalha o CIO.

Inspirado pelo sucesso da manobra, o executivo da OTDA avalia a possibilidade de migrar as aplicações da agência que estão na plataforma Unix para o Linux. Dessa vez, a principal motivação é a economia. “Há uma perspectiva de reduzir os custos em três a cinco vezes com a migração para o ambiente open source”, afirma Chan, que explica: “Uma atualização tecnológica que poderia custar 5 milhões de dólares, acaba saindo por 1 milhão de dólares ou até menos.”

Um levantamento exclusivo realizado pela Computerworld com profissionais de TI revelou que para 80% deles a redução de custos representa a principal vantagem do uso de software de código aberto. Dentro dessa base, 61% ainda informaram que a aceitação dos programas cresceu nas empresas nos últimos anos.

“O software de código aberto evoluiu, na última década, de algo que era visto como um negócio arriscado e usado por pequenos desenvolvedores para um mercado estimado em bilhões de dólares”, afirma Jay Lyman, analista da The 451 Group, empresa de análises na área de TI. “Essas soluções definitivamente atingiram a maturidade e sua função é de gerar economia”, pontua Lyman.

Associar diretamente a adoção do open source à economia, no entanto, pode criar uma visão equivocada dos usuários, principalmente no que tange aos desafios envolvidos nesses projetos, como gerenciar as mudanças culturais, riscos, expectativas e custos adicionais.

O analista da The 451 faz um alerta: “Quando as pessoas descobrem que o custo termina sendo maior do que o imaginado, começa uma série de histórias de horror nas empresas”. Para piorar a situação, a consultoria Forrester Research lembra que, até bem pouco tempo, a decisão de investir em código aberto não estava atrelada à estratégia corporativa e, sim, era algo pontual. A conclusão é que enquanto os executivos olharam apenas para as vantagens financeiras, deixaram de lado outros potenciais benefícios e riscos envolvidos em projetos com software aberto.

Nem tão gratuito assim
Um dos motivos que tornam os custos dos projetos de open source mais altos do que o esperado é o fato de que quando as empresas passam a utilizar uma licença de software – em especial aquelas versões que não são oferecidas por comunidades de desenvolvedores de código aberto – precisam pagar por ferramentas complementares, para ter acesso à equipe de suporte ou extensões para o sistema.

De acordo com o analista da consultoria Gartner Mark Driver, a grande maioria das iniciativas comerciais para oferecer open source hoje em dia tem com base esse modelo híbrido, no qual a licença é gratuita, mas todas as iniciativas complementares têm custos. “O que torna essa ‘abertura’ do software questionável”, sinaliza Driver.

Ainda de acordo com ele, mesmo que essas soluções tenham licenças com custos bem menores do que o software tradicional, incluem termos e condições que restringem seu uso. “Vejo muitos usuários que adotaram  open source desistindo desse tipo de software”, cita o analista. Ele afirma que, em boa parte dos casos, os usuários reclamam da dependência que passaram a ter do fornecedor.

Jay Lyman aponta que o open source adapta-se melhor às grandes corporações, uma vez que elas têm uma equipe de desenvolvedores dedicada a esse tipo de solução que, inclusive, pode interagir com as comunidades. O Grupo NPC International – que administra mais de 1.150 restaurantes da Pizza Hut em todo o mundo – representa um bom exemplo dessa situação.

Fonte Computerworld