Embora o setor de eletroeletrônicos ainda se mostre reticente, o governo aposta em uma política para a produção de conversores para a TV Digital. A meta é a elaboração de um programa que incentive a fabricação de 15 milhões desses equipamentos entre 2011 e 2013. Na mesa, discussões sobre subsídios ou desonerações fiscais, inclusive sobre outros produtos, como forma de “sensibilizar” os fabricantes.

“Estamos plantando uma ideia para o futuro, não para o curto prazo, mas de médio prazo. É o começo de uma conversa com o objetivo de termos tipos diferentes de set top boxes no mercado, um deles com menor capacidade de processamento, mas que fique por algo como R$ 200”, conta o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa.

Nesta segunda-feira, 21/6, Barbosa participou de reunião com empresários ligados à Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos – onde voltou a insistir na necessidade de conversores para que a TV Digital possa ser aproveitada pelos brasileiros mais pobres: ou seja, tentou convencer a indústria a não apostar somente na venda de televisores com os conversores embutidos.

“Queremos ter um programa para a produção de 15 milhões de set top boxes em três anos, a partir de 2011, voltados para os lares brasileiros das classes D e E. Vou conversar sobre isso no governo, na própria Casa Civil, nos ministérios do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia, além da Fazenda. O governo poderia dar subsídios, embora isso seja o menos provável, ou algum tipo de renúncia fiscal, mesmo que sob a forma de contrapartida em outros produtos”, explica o assessor da Casa Civil.

A compensação tributária em outros produtos foi uma ideia dos próprios empresários apresentada durante a reunião. Acontece que os fabricantes resistem à produção de conversores também porque acham que mesmo com os possíveis incentivos – da parte do governo federal os mais prováveis são desonerações de PIS e Cofins – o preço dos equipamentos não cairia abaixo dos R$ 200. Ainda que se chegue nesse valor, o governo teria que incentivar o varejo a vender os conversores em suaves prestações.

Barbosa deixou o encontro otimista, mas reconhece que os fabricantes ainda se dividem entre os que topam negociar – como teriam sinalizado Sony e Samsung – e aqueles que preferem manter a estratégia atual – caso de LG e Semp Toshiba. Mesmo assim, a indústria argumenta que falta demanda pelo produto, especialmente porque os radiodifusores ainda estão tímidos na programação digital, e mais ainda naquela com iteratividade.

A lógica por trás desse argumento é simples. Como os set top boxes têm margem de lucratividade menor, os fabricantes alegam que precisam de uma demanda forte para compensar os investimentos. E entendem que essa demanda não existe, ao menos por enquanto, porque a televisão ainda não tem muito o que oferecer em conteúdos para a TV Digital.

“Sabemos que para a coisa deslanchar é preciso três coisas: infraestrutura, o que virá em parte com a licitação da TV Pública, mas também esperamos ofertas pelas tevês privadas; cobertura, para que as pessoas recebam o sinal digital em suas casas; e conteúdo digital. Vamos investir nisso durante esse próximo ano e em meados de 2011 podemos ter um cenário diferente”, calcula André Barbosa.

 

Por Luís Osvaldo Grossmann

Fonte Convergência Digital