A 10ª Edição do Debian Day em Porto Alegre ocorreu no sábado (14/8), no Sindicato dos Bancários e contou com a presença de 26 pessoas.

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O público estava extremamente qualificado, atento as palestras, com desejo de aprofundar o conhecimento, perguntando e intervindo durante o debate, esclarecendo as dúvidas na hora.

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Para o estudante de jornalismo, Pedro Faustini (19) a proximidade com o palestrante permitiu a discussão. “Estava muito bom pois teve uma parte técnica, uma política e uma mais institucional”, relatou.

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Para William da Silva Vilanova que é desenvolvedor e a bibliotecária Ananda Feix foi bem interessante. William usa Debian, mas não trabalha profissionalmente, no entanto o seu interesse foi em interagir com a comunidade e conhecer. Eles ficaram sabendo do evento através da lista de discussão do Tche Linux. Ananda gostou muito da palestra do Sady Jacques, “principalmente quanto a fazer o Software Livre ganhar organicidade e viabilidade em nível nacional”.

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Install fest

Além das palestras o evento também contou com o Install fest. Rafael Greque, que trabalha com edição de vídeo e fotografia participou do install pelo segundo ano. Só que desta vez ele trouxe Cristina Messa que estava tentando instalar mais uma distro no seu desktop, mas estava com algum problema. Não conseguiu resolver na hora, mas contou com a ajuda de André Machado do Debian/RS que descobriu um caminho para a solução.

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Como ajudar o projeto Debian sem ser programador

A primeira palestra, após a abertura foi sobre como uma pessoa que não é programadora pode ajudar o projeto Debian. O lider do grupo de Usuários do RS, Luiz Guaraldo, explicou que existem diversas formas das pessoas colaborarem, pois uma das características do Debian é justamente ser um sistema operacional desenvolvido pelos próprios usuários. “As pessoas ajudam com aquilo que podem ajudar só precisam de tempo e disponibilidade”, explicou.

As formas de colaboração são as mais diversas como: empacotar programas; redigir manuais; traduzir documentações; criar imagens/vídeos/identidade visual; divulgar, disseminar e distribuir o programa, testar e reportar os bugs e realizar eventos, como o Debian Day. O trabalho voluntário segundo Guaraldo dá vários retornos, desde conhecimento até amigos.

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Nas preliminares Guaraldo discorreu para quem nunca ouviu falar sobre Debian. “O Sistema Operacional é universal, possui 11 arquiteturas e você pode encontrar Debian desde uma torradeira até uma Usina Nuclear. Tudo 100% livre”, esclareceu.

Conforme Guaraldo o Debian tem 17 anos e os seus desenvolvedores são os usuários. Além disto possui um estatuto, estabilidade, robustez, economia, liberdade para usar distribuir e modificar. “Mas o que eu mais gosto no Debian é a sua filosofia, onde diz que tudo que eu adquiro com a comunidade eu tenho que dar um retorno”, ressaltou.


As estratégias necessárias para o movimento SL

Na segunda palestra o embaixador da Associação Software Livre.Org, Sady Jacques, para além das questões técnicas falou sobre as estratégias necessárias para o movimento de Software Livre na atualidade. “Nós saímos de um cenário rudimentar de instalação, há 10 anos, para uma condição confortável que oportuniza um cenário de crescimento dos serviços de software livre. Nós não tínhamos por exemplo, Sindicatos como os Bancários usando Software Livre, neste sentido a sociedade como um todo está proporcionando grandes oportunidades para quem trabalha construindo códigos, empreendendo e usufruindo de todos os benefícios de usar código aberto.”, observou.

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Apesar disto, Sady chamou a atenção para o crescente aumento da demanda de TI para empresas de pequeno e grande porte. Segundo ele, atualmente ou você monta a sua estrutura de TI ou terceiriza. “Não existe este serviço, são poucas as empresas capacitadas para isto. Neste sentido existe um espaço muito grande para fazer e atender esta demanda, desde qualificação profissional, que já tem um conjunto de ofertas razoáveis, até trabalhar de modo informal. Mas é preciso levar isto a sério e formar empresas, o que está faltando é um pontapé inicial”, destacou.

Sady revelou que a ASL está se propondo a começar e ajudar no debate de criação de consórcios que possam desenvolver projetos e ações, como participar em licitações nos processos de cidades digitais, por exemplo. A organização de empreendimentos e projetos são necessários e fundamentais para o avanço do software livre”, afirmou.

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“Se nós queremos que o Brasil seja uma potência precisamos meter a mão e desenvolver muito código, precisamos colocar valor agregado nos nossos produtos, a Europa é uma potência porque tem muito conhecimento e tecnologia. A Alemanha é um país menor que o Rio Grande do Sul e no entanto, é uma potência”, ressaltou.

Além de desenvolver muito código, Sady também destacou as diversas áreas que podem estar envolvidas nestes empreendimentos como profissionais liberais, como advogados, para tratar com as licenças, quem domina ou está estudando idiomas pode se especializar em traduzir documentações e páginas. “Quem quiser pode aprender Mandarim, pois tem mais de 1,5 milhão de chineses que nós precisamos conversar com eles. Para além dos sotwares que compartilhamoss temos que atuar no ramo de serviços. Temos que ter uma atuação de forma pró-ativa”, concluiu.


Como tunar servidores de arquivos pequenos

A última palestra foi sobre “Tuning de RAID, LVM, ISCSI, XFS e EXT3 para arquivos pequenos e alta carga”, por André Machado, do Debian-RS.

André utilizou os conceitos de TI das empresas de grande porte, como por exemplo um Governo, para adaptá-los para empresas pequenas ou que podem crescer e chegar a um patamar bem maior. Ou seja, como melhorar o desempenho de servidores que acessam arquivos pequenos, como servidores de e-mail e arquivos locais. “Procurei passar dicas não documentadas que viabilizam, no hardware e aplicações, ganhos de até 100 vezes o desempenho. Começando com investimentos relativamente pequenos que podem ampliar a infraestrutura de TI a medida do aumento da necessidade. A ideia é começar certo e não perder investimento, aproveitar o uso do recurso. É claro que também tem que investir num bom Sysadmin”.

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André explicou que certas dicas nunca tinham sido documentadas e que foram construídas pesquisando em listas de documentação de kernel, de código fonte e esta é a vantagem quando você trabalha com software livre. Você lê a documentação. É como abrir o capô do carro e consertar. Diferente de você comprar um carro em que o motor é lacrado e você não consegue mexer”, concluiu. Mais informações podem ser obtidas no blog www.techforce.com.br

 

The Code

Ao final os participantes assistiram ao filme The Code a história do Linus Torvald e o desenvolvimento do kernel linux. A Organização foi do Grupo de Usuário Debian RS apoiados pela ASL e o Sindbancários

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Transmissão ao Vivo

A TV Software Livre transmitiu ao vivo e foram gravadas entrevistas para a Rádio SL (Software Livre) por Rochele Prass, editora da Revista BrOffice.


Ouça as entrevistas da Rádio Software Livre

Entrevista Luiz Guaraldo (Debian/RS)

Entrevista Sady Jacques

Entrevista André Machado

 

 

 

Texto e fotos (Clique aqui para ver mais fotos)

Luis Henrique Silveira - jornalista

Engenho Comunicação e Arte