Inteligência coletiva e trabalho colaborativo colocam o LibreOffice na ponta da tecnologia para aplicativos de escritóri.

Lançada pela The Document Foundation (TDF) em fevereiro, a versão 3.5 do LibreOffice, para Windows, Linux e Mac OS X, traz interessantes novidades aos usuários de editores de texto, planilhas eletrônicas, ferramentas de apresentação e bancos de dados. A principal delas é a possibilidade de execução via web. Ainda que numa fase inicial e exigindo uma série de etapas complexas de compilação, o LibreOffice Online poderá ser utilizado como uma aplicação em nuvem, tal como o Google Docs, mas com a vantagem de ser livre e customizável.

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Quem destaca essa inovação é Gustavo Pacheco, analista de sistemas e membro da The  Document Foundation, a organização internacional que suporta o desenvolvimento do LibreOffice. Ele também pontua outros avanços, como: no editor de textos, a nova exibição de cabeçalhos e rodapés e o contador de palavras flutuante (com atualização em tempo real); no editor de planilhas, a possibilidade de inclusão de 10 mil planilhas em um único arquivo e o número ilimitado de regras de formatação condicional; e, no editor de fórmulas, novos símbolos relativos à teoria dos jogos.

Entre as vantagens que o LibreOffice oferece ao usuário, Pacheco indica um serviço completo de exportação para PDFs, a grande oferta de extensões, além do valor por extenso, dicionário e do corretor ortográfico próprios. "O LibreOffice tem simplesmente o melhor e mais atualizado corretor ortográfico em língua portuguesa, fruto de um trabalho colaborativo e comunitário muito detalhado", indica.

Poder do código aberto e do trabalho cooperado
O LibreOffice só conseguiu chegar ao seu atual nível de desenvolvimento porque está baseado no modelo open source, caracterizado pela publicidade perene do código, pelo trabalho colaborativo de centenas de desenvolvedores espalhados pelo mundo e pela ausência de cobrança de licenças de uso.

"Hoje, o LibreOffice constitui-se como a principal solução de edição de documentos no formato OpenDocument. Não apenas se consideramos o uso tradicional da aplicação, instalada sobre um sistema operacional local, mas, também, se avaliarmos o enorme potencial da API do LibreOffice, que permite adicionar, a qualquer desenvolvimento, o poder das funções das aplicações e a flexibilidade de um padrão aberto de armazenamento de dados", avalia Pacheco.

Liberdade também para ganhar dinheiro
Ainda existe muita incompreensão sobre a dinâmica econômica do software livre, já que seu modelo se caracteriza pela ausência da propriedade intelectual individual. Ganhar dinheiro e fazer negócios com a plataforma aberta é totalmente possível e o LibreOffice é um bom exemplo disso.

Por ser uma ferramenta gratuita e eficaz, sua adoção pode representar alívio financeiro para pequenas empresas e profissionais liberais. Por ser livre e customizável, torna-se opção interessante para governos, empresas e organizações. E, por trás disso, existe toda uma corrente de serviços de desenvolvimento, treinamento e suporte capaz de gerar  renda e emprego.

"É difícil qualificar meu trabalho como remunerado ou voluntário. Eu prefiro trabalhar com o termo 'trabalho colaborativo'. A razão disso é porque a minha atividade no projeto LibreOffice confunde-se um pouco com a minha atividade profissional. Há quase 10 anos trabalho profissionalmente em projetos de migração para pacotes de escritórios livres e sempre tive como meta fazê-los como uma via de duas mãos. Ou seja, ao mesmo tempo em que as organizações que migram são beneficiadas por um software livre, gratuito e de qualidade, também podem contribuir com o projeto através da publicação dos resultados dos seus desenvolvimentos", conta.

De acordo com ele, diversas extensões e documentos que desenvolveu foram financiados por organizações que adotaram o LibreOffice, o que confirma a possibilidade de ser remunerado pelo trabalho com a plataforma aberta. "Por outro lado, também é importante salientar que algumas contribuições são feitas sem remuneração, simplesmente pela satisfação de vencer desafios técnicos e ver que é possível desenvolver algo útil", completa Pacheco, demonstrando que a inteligência e a capacidade humana não precisam estar sempre a serviço do interesse econômico, já que recebem incentivos outros, como o reconhecimento público e o próprio prazer de criar.

Serpro
O uso de aplicativos de escritórios livres no Serpro data de 2003, com o OpenOffice. O LibreOffice foi introduzido na empresa a partir da versão 10.04 do Ubuntu, internalizada no primeiro semestre de 2011.

* fonte: SERPRO