Já imaginou usar software livre no teatro? O espetáculo "Incubadora - Versão Final" estreia no próximo sábado em São Paulo e utiliza um aplicativo de código aberto para gerenciar a interação entre público e atores durante as cenas. O espetáculo promove uma reflexão sobre os modos de convivência no século XXI.

Afim de refletir sobre o modo de vida conectado a dispositivos móveis, a peça aborda a convivência na contemporaneidade colocando o celular, até agora vilão das salas de espetáculo, no centro da cena.

Software livre

Para aproximar os games da cena teatral, o memeLab, coletivo especializado em criar soluções em tecnologia audiovisual, web e interatividade digital, desenvolveu um software associado com video mapping.

Trata-se de software livre que funciona em rede mesmo em lugares sem internet e permite a interatividade de múltiplos “jogadores” com o espetáculo.

A direção de tecnologia foi realizada por VJ Pixel, que criou uma rede local permitindo qualquer pessoa com um dispositivo wi-fi, seja celular, tablet ou computador, acessar diretamente a tela de login do sistema.

Além do jogo, foi desenvolvida também uma ferramenta de videomapping com uma particularidade: no caso de Incubadora, o software, que normalmente é usado localmente, instalado na máquina, é disponibilizado na rede local. Assim, o operador pode “mapear” o espaço de projeção e realizar todas transformações diretamente no navegador de internet.

Tanto o game quanto a ferramenta de mapping fazem parte do software da Incubadora, desenvolvido em plataformas livres e com código aberto disponível no GitHub.

O enredo

O enredo apresenta A INCUBADORA, um simulador de sociedade habitado por três personagens: P1 representa a ciência; P2, a arte; P3, a religião. Suas singularidades geram conflitos de convivência que ganham dimensões inesperadas e eles se revoltam contra o jogo para o qual foram criados. Cabe aos espectadores administrarem o “Placar de Felicidade” desta sociedade, e através dele influenciar nos rumos das personagens.

O argumento e a jogabilidade são inspirados em games de simulação, como a série The Sims, em que jogadores controlam a vida de “pessoas comuns” sem o objetivo de vencer um desafio específico ou competir contra outros usuários.

Segundo o diretor Ivan Andrade, o espetáculo transforma o “espectador-contemplador” em “espectador-interator”. Na dinâmica do jogo, o público tem seis funções à disposição nos próprios celulares: confraternizar, desculpar, relaxar, brigar, humilhar e castigar. Cada função pode ser acionada até três vezes, alterando a pontuação de felicidade na INCUBADORA. Se parte do público interage escolhendo uma das funções, a narrativa muda de percurso. Desta interatividade emergem comportamentos que reconfiguram o texto e a encenação.

A montagem é fruto da parceria de Ivan Andrade com a empresa de design QuesttoNó e com o laboratório de tecnologias interativas memeLab. Os figurinos foram criados pelo estilista João Pimenta.

Conhecido por sua ampla sala que serviu como local de ensaio para diversas produções paulistanas, o Caçamba Cultural tornou-se um centro cultural e abriga agora este espetáculo-jogo inovador. A proposta é receber os espectadores de forma aconchegante e não convencional para construir a narrativa junto com os atores.

Smartphones no teatro

Neste espetáculo, os celulares são bem vindos e o público controla o comportamento dos personagens em cena usando seus aparelhos. O objetivo do jogo é manter o “Placar da Felicidade” dentro de uma Faixa de Plenitude (entre 30% e 70%). Para participar, o espectador precisa de um smartphone ou um aparelho celular com Wi-fi.

Para quem quiser interagir, basta entrar na rede local INCUBADORA disponível na sala de espetáculo. Um programa especialmente desenvolvido permitirá que o espectador-interator inscreva seu nickname no jogo. Depois de inscrito, através de uma interface simples e intuitiva, os interatores conduzem a narrativa. Projeções no cenário complementam informações para o jogo e quem não quiser participar do jogo, assiste ao espetáculo normalmente.

Serviço

Temporada: 2 de março a 21 de abril, sábados e domingos, às 19 horas

Local: Caçamba Cultural

Endereço: Rua Muniz de Souza, 517 – Aclimação. 
Bilheteria – Abre uma hora antes do espetáculo. Pagamento somente em dinheiro ou cheque. 
Capacidade: 30 pessoas.
Duração: 60 minutos. 
Ingressos: R$30,00 
Classificação etária: 12 anos.



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